sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Consulado americano


A ideia de uma viagem para os Estados Unidos é sensacional. Aliás, a ideia de qualquer viagem faz qualquer ser humano, são, vibrar. O fato é que, a viagem (planos, pensamentos ansiosos e arrumações de malas, necessaire e valises) é uma coisa; o longo processo de se chegar até ela (burocracia) pode ser extremamente árduo, dependendo do país que se pretende visitar. Falo isso porque ontem estive no Consulado americano para renovar meu visto. RENOVAR. Entrei chorando. Fui maltratada por brasileiros que trabalham no local e pensam que são os donos do mundo, assim como Obama. Não é à toa que o planeta Terra os detestam. E os brasileiros detestam a porção de brasileiros que trabalham lá. Fiz uma pergunta. Nem lembro qual foi. Acho que a vergonha que passei com a exaltação da resposta fez com que minha mente a apagasse. Parece que você é uma louca que vai explodir o lugar (sim, é dessa forma que você é tratada). Não há gentileza algma, sorriso algum, a educação nem passa por lá e todos te olham como se Osama Bin Laden estivesse dentro do seu bolso, pronto para soprar o pó químico que acabará com a nação. Ridículo. Ridículo não!!! É vergonhoso. Filas imensas com riscas coloridas no chão, indicam o caminho.
- Para onde eu vou agora, senhor? - pergunto.
- Linha amarela - o policial responde sem olhar na sua cara.
Me senti em pleno roteiro de "a Queda", quando os judeus caminhavam para o sacrifício. Gritos de "atrás-da-linha" são ouvidos a cada 5 minutos. Ao longo do percurso, vejo dezenas de pessoinhas com coletes "POSSO AJUDAR". Mas nem penso em fazer qualquer tipo de pergunta, depois do que aconteceu comigo na entrada. A constante grosseria é regra. Percebi o mesmo tratamento rude com diversas outras pessoas durante o período de 4 horas que permaneci lá dentro. Não faça comentários também. Eles não estão preparados para ouvir o que você tem a dizer. E nem querem. Não tente fofocar com quem está ao seu lado, fazendo a mesma coisa que você foi fazer, ou seja, tirar o visto americano. Se te pegam, eles podem achar que você está tramando um plano abominável contra o império. O resultado é que te olham mais feio ainda. Você fica sem graça. Imagina perder a autorização por causa de um comentário baixo, do tipo: "tá um cheiro estranho aqui, né? Você peidou?" Pronto! Você é presa. Até passa pela sua cabeça sacar um "que-foi, louca?" para uma das pessoas vestidas de colete, a fim de desabafar toda a tensão da situação. Nesses momento, pare e pense, afinal de contas, você não quer perder todo o tostão que já gastou como pagamento de taxas altíssimas para entrar no país. Além disso, quem vai viajar é você. Aquela doida, mal criada, vai ter que acordar cedo todos os dias para ir ao pior trabalho que ela já arrumou em toda a vida. Saí com o meu visto aprovado. E uma tremenda dor de cabeça de tanta revolta.

P.S.: tem coisas que a gente só faz por amor e saudade. Passar por isso é uma delas, caso contrário, eu tinha virado as costas e FUI.

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