Bendita hora que fui atender àquela ligação. Pô, eu tava tão bem! Só era por um dia ruim. Sei lá se a cólica gritava, ou se o mau humor imperava, ou as duas coisas ao mesmo tempo. O fato é que eu estava tão bem naquele lugar onde hoje não querem me ver nem pintada de ouro. Meu desempenho era o melhor de todos; as pessoas me adoravam… Agora me tornei uma inimiga. Por um lado, entendo. Eu abandonei o barco. Por outro, deixei bem claro, de várias formas, o quanto me arrependi. Só faltou fazer malabaris. A pessoa é tão do mal que não aceitou o meu arrependimento. Na verdade, não fez nem questão de tomar conhecimento. Cagou pra mim. Cagou na minha cabeça. O mercado é impiedoso. Agora me sinto mal. Porque sei que há oportunidade, mas não para a minha pessoa. O lance já deixou de ser profissional há muito tempo. Ontem comentei com L. que medito todos os dias para elevar meu pensamento e deixar o martírio de lado. Portanto, o choro de derrota não pode ser extravasado. O choro da derrota é como se eu tivesse entregando os pontos e atraindo coisa ruim pro meu lado. A metafísica é um paradoxo sem fim que pode te enlouquecer. Hoje senti na pele o lixo que sou, o lixo que estou. Tô ao léu, sem endereço fixo, sem ramal, sem e-mail, sem vínculos, sem propostas. “-Preciso da criação inteira lá na cobertura”, disse alguém. Quando levantei, a direta foi arrebatadora: “ Você não. Você é freela”. Aí chega um e-mail pedindo que eu retiro uns botões. Sem rumo, porém, com vários botões pra fazer a festa. Quero sair correndo e ir pra qualquer lugar que não tenha ninguém. Bendita hora que meu telefone tocou e era ela. Bendita hora que eu fui atender. Bendito dia ruim. Odeio os dias ruins.
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