Sr. Barriga?

Vamos falar sobre o seriado Chaves, transmitido pelo SBT desde que a televisão foi inventada. Infelizmente minha infância passou longe de cada um dos episódios. Na época eu cursava a 1ª série (meu irmão estava no pré) e, por ser a fase de alfabetização de uma criança, meu pai proibiu que Chaves fosse assistido em casa. Lembro muito bem quando ele dizia que o personagem "emburrecia" a todos que viam e ouviam suas pérolas. Não tenho trauma algum dessa fase, aliás, o seriado foi substituído por desenhos maravilhosos como Thundercats, Ursinhos Gummi, Os Smurfs, Os Cavaleiros da Caverna do Dragão e Duck Tales. Por isso, não entendo nada da sequência mexicana, suas músicas e jargões. Mais do que isso, nunca fiz questão de conhecer, mesmo quando eu  já sabia diferenciar o "s" do "c" ou do "ç".

Contudo, tenho um namorado viciado em Chaves. Tão viciado que me fez uma surpresa inesperada no sábado a tarde: "Amor, comprei ingressos pra gente assistir ao espetáculo do Sr. Barriga, do Chaves". Brincando, perguntei se eu poderia trocar, porque eu tinha certeza que não entenderia nada das músicas, das piadas e dos jargões. Outra: desde quando o Sr. Barriga tinha material suficiente para comandar um espetáculo? Se eu não estivesse enganada, a frase dele era sobre pagar o aluguel. SÓ. E foi isso o que aconteceu: na maior parte do show eu realmente fiquei sem entender nada. Aliás, eu apenas tentava, com todas as forças, me desvencilhar de um cheiro forte e horrível de ovo podre que tomava conta de onde estávamos. Inclusive, fui até o banheiro pra aliviar a tensão. Deve ter estourado alguma foça naquele Carioca Club, em Pinheiros, e todos faziam de conta que nada estava acontecendo. Era a primeira vez que eu conhecia o lugar, quer dizer, sem comentários positivos sobre ele. Entre essa mesma parte do show, também percebi a desorganização e despreparo da empresa (se é que pode ser chamada dessa forma) conhecida por 4 fun fest, cuja qual deve ser a responsável por trazer o personagem para São Paulo. Uma BOS-TA! Vídeo que travava, falta de ensaio do mestre de cerimônia que fazia força para ser engraçado (isso porque o cara se diz dublador do Nhonho e do Jaiminho, hein?), luzes que não se apagavam quando deveriam e que não acendiam quando também deveriam. Tudo isso ao preço de R$ 90,00 o mezanino, por pessoa!!! Pois é, pasmem! Mas não fui um peixe fora d'água o tempo todo. Me emocionei quando o Sr. Barriga disse que mostraria cenas do seu arquivo pessoal, gravadas em Super 8. Sim, esse foi o ápice do show. Durante 15 minutos, a galera ficou quieta para prestar atenção na vida real daqueles personagens que fizeram parte da infância de uma legião de crianças. Posso até dizer que meus olhos ficaram cheios de lágrimas, afinal, não é qualquer time que convive durante 30 anos. No final das contas, o finalzinho da apresentação fez tudo valer a pena.