quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Desmotivador



Logo após o papo de segunda a noite, fico divagando que vantagem Maria leva. O pensamento que não sai da minha cabeça é o fato de a criação de projetos não estarem financeiramente proporcional à venda desses mesmos projetos. Eu já tinha me atentado para esse fato, mas nunca dei tamanha importância à questão. Não, até I. começar a discorrer sobre o assunto. “- Depois que vi que eu virava noites e noites fazendo projetos, não tinha vida própria, me matava tentando ser a pessoa mais atual do planeta (e haja dinheiro para isso!), e todo esse acúmulo de energia não levava a lugar financeiro algum, larguei meu orgulho e virei a mesa. A grana tá no comercial, filha! Sem pensar duas vezes, engoli minha criatividade e fui viver na rua!” Pois é. Escutei isso na segunda-feira a noite, véspera de feriado. Um dia em que eu não estava tão bem e, sem querer, fiquei pior ainda com a afirmação. De cara com a minha realidade, né? Qual é o lance de ser criativa e despender mais de 10 horas de TO-DOS os meus dias planejando e criando possibilidades se, financeiramente, não compensa? Porque é o comercial que vai até o cliente, vende tudo o que eu fiz e abocanha um boa parte da verba. O cara fica rico enquanto eu fico estressada, tentando achar uma desculpa para a deprê que se reverte em choro quando encontro hora para fazer as unhas em qualquer quarta-feira, às 23 da noite. Fichas caem depois de 15 anos no departamento criativo. A extensão entre amor pelo ofício e necessidade financeira é um abismo. Só me resta saber se existe impulso e perna suficientes para tomar essa distância e, simplesmente, pular.

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